Em uma viagem de negócios, um homem pega um táxi ao sair do aeroporto. Durante o percurso, uma notícia chega através do rádio: “Ministério Público denuncia Joesley Batista e mais cinco por corrupção”. Simpático, o motorista puxa assunto:
– Mas você vê? Esse pessoal vive pagando propina pra político corrupto! Por isso que esse país não vai pra frente…
Com os olhos no celular, o empresário acena com a cabeça, concordando. Mais alguns quarteirões são percorridos, quando o condutor pergunta:
– Já estamos chegando, onde o senhor quer que pare?
– Ali atrás do carro branco, por favor.
– Ok, o senhor precisa de recibo?
– Seria ótimo, por favor.
– Qual o valor do recibo? – indaga.
– O valor da corrida, não? – replica o homem, sem compreender muito bem a pergunta do taxista
– Depende né, senhor. Não está fácil para ninguém. Se você quiser, posso passar um valor um pouco acima. Provavelmente a empresa que você trabalha tem bastante dinheiro, não vão ligar por uns trocados a mais.
Provavelmente, o taxista não sabia que esse é um ato de corrupção endêmica. Para deixar mais claro, imagine uma grande cebola: a camada superficial é percebida pela maioria das pessoas e chama-se corrupção sistêmica. A endêmica é mais sutil, silenciosa, é a camada interior e permeia sorrateiramente todos os setores da sociedade. Para criar uma cultura de intolerância à corrupção não basta olharmos apenas a superfície. Por isso, o primeiro passo para combater a corrupção é conhecê-la.
Corrupção Sistêmica
Imagine o seguinte cenário: um partido precisa que medidas sugeridas por ele sejam aprovadas o mais rápido possível. Para isso, o Congresso precisa votar a favor. O partido conversa com determinados parlamentares e organiza um esquema: pagar uma espécie de “mesada” para que eles o apoiem. A partir daí, o meio político impregnou-se e a corrupção passou a fazer do sistema. Provavelmente, você já ouviu falar desse escândalo; seu nome ficou conhecido como mensalão. Para minimizar a corrupção, o Ministério Público Federal elaborou 10 medidas de combatê-la. No pacote, constavam os seguintes pontos:
- Prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação;
- Criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos;
- Aumento das penas e crime hediondo para a corrupção de altos valores;
- Eficiência dos recursos no processo penal;
- Celeridade nas ações de improbidade administrativa;
- Reforma no sistema de prescrição penal;
- Ajustes nas nulidades penais;
- Responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2;
- Prisão preventiva para assegurar a devolução do dinheiro desviado;
- Recuperação do lucro derivado do crime.
Em novembro de 2016 – 8 meses após a apresentação da iniciativa como um projeto de iniciativa popular no Congresso -, houve uma votação bastante polêmica durante a madrugada. Nela, a despeito do trabalho exaustivo da comissão especial, ouvindo especialistas durante meses, a Câmara dos Deputados desfigurou em grande parte a proposta. Atualmente a medida proposta pelo MPF está parada no Congresso.
Corrupção Endêmica
São exemplos corriqueiros de corrupção endêmica: adicionar valores inexistentes a um recibo; o aluno que recebe 1 ponto a mais na prova devido a um erro do professor e não o notifica; o condutor que oferece suborno a um policial após ser parado em uma blitz, são exemplos corriqueiros de corrupção endêmica.
A corrupção endêmica é aquela que se mantém velada, está no cotidiano e quase não é reconhecida. Ela é uma das mais difíceis de combater porque quase não é mencionada pelos grandes meios de comunicação. Atualmente, o foco da mídia está na corrupção que acontece “lá em cima”, distante da população. Entretanto, o combate à corrupção deve ser feito através da conscientização do povo, instruindo-o a analisar, mesmo as menores ações, pelos olhos da ética.
Com as eleições de 2018 se aproximando, diversas iniciativas foram criadas para ajudar a identificarmos os políticos que estão respondendo a processos judiciais e exercermos conscientemente o dever transformador do voto. Um ótimo exemplo disso foi o Instituto Reclame Aqui, que lançou a ferramenta Vigie Aqui. O plug-in grifa de roxo quando, durante a navegação na internet, surge o nome de um político com pendências na justiça. Mas o combate não parou por aí. Seu aplicativo mais recente é o Detector de corrupção, que usa o reconhecimento facial para identificar políticos corruptos. Ao direcionar a câmera do seu smartphone para o rosto de um político, o aplicativo expõe um relatório dos processos em que ele está envolvido.
Mude, saiba como se engajar no combate à corrupção
Para ajudar no processo de organização e combate à corrupção, o Mude criou o curso online para ser um facilitador na formação de grupos de discussão e ação junto aos pré-candidatos. Reúna um grupo em sua empresa, universidade, igreja, condomínio ou ONG, assistam os vídeos e usem a proposta de roteiro de discussão para promover as ações. Grupos estão se mobilizando por todo o Brasil e você pode organizar um deles.
O #MUDE é um movimento social apartidário que promove o fortalecimento de uma cultura de intolerância à corrupção no Brasil. Acompanhe nosso blog e nossa página no Facebook para conhecer as ações propostas. Cadastre-se em nosso curso online e gratuito e faça a sua parte. A mudança começa em você!
Obrigado por ler o texto! 🙂
[…] A corrupção não deve ser combatida apenas na esfera e ou instituições públicas, mas sim em nosso dia a dia. Quanto mais atentos ficarmos aos pequenos indícios de desvios de caráter, mais fácil […]
[…] Mude, um movimento apartidário em prol da sociedade. As ações do instituto procuram combater a corrupção endêmica e sistêmica, fortalecendo uma cultura de intolerância à corrupção. Em busca disso, desenvolvemos o curso […]